A acupuntura foi o tratamento responsável por popularizar a medicina oriental no Brasil – e também no ocidente.
É a partir dela que a auriculoterapia também se tornou conhecida, principalmente por ser indicada para pacientes que não podem ou não desejam utilizar agulhas de acupuntura, seja qual for o motivo.
A técnica consiste em estimular pontos específicos da orelha, região nomeada pavilhão auricular, para aliviar dores, tratar doenças físicas e psíquicas, servindo até mesmo para fazer diagnósticos a partir da observação desses pontos.
Na acupuntura, os pontos estão espalhados por todo o corpo, sendo que algumas partes do corpo como a orelha, o nariz e mãos possuem microsistemas de pontos que estão diretamente conectados com alguns órgãos internos.
Dessa forma, na auriculoterapia, todas as regiões e órgãos do corpo humano podem ser estimuladas e tratadas a partir de microssistemas de pontos localizados no pavilhão auricular.
Parece complexo?
Então vamos entender como funciona na prática, para qual tipo de tratamento é indicado.
Para que serve auriculoterapia?
A auriculoterapia serve para tratar várias doenças, sejam elas físicas ou emocionais. Por meio de estímulos dos pontos energéticos, a terapia auricular promove a regulação psíquicorgânica das pessoas.
Tradicionalmente, o tratamento é um recurso da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). No Brasil, a auriculoterapia ocorre a partir da fusão da auriculoterapia chinesa com a auriculoterapia francesa.
As duas escolas relacionam doenças às diferentes manifestações fisiológicas do corpo – prática que exige conhecer profundamente a medicina chinesa.
Isso porque, para a medicina chinesa, por exemplo, o fígado está ligado a questão visual. Dessa forma, o ponto localizado na orelha para tratar o fígado, pode também tratar questões no olho.
Na orelha, cada ponto representa um microrganismo, dessa forma, são utilizados no estímulo esferas de aço, ouro, prata, plástico, ou sementes de mostarda devidamente preparadas para este fim.
A seleção do material de estímulo vai depender de qual escola o terapeuta segue.
Qual a diferença entre auriculoterapia chinesa e francesa?
Antes de abordar as diferenças entre as escolas, é preciso saber que a origem da auriculoterapia é tão antiga que se tornou difícil determinar ao certo onde tudo começou.
- Os egípcios já utilizavam o estímulo de pontos da orelha para acalmar algumas dores.
- No livro Geração, Hipócrates (considerado o pai da medicina) escreveu que cauterizações atrás da orelha podiam curar alguns casos de esterilidade.
- No século XVIII, o famoso médico Antonio Valsalva registrou uma técnica utilizando cauterizações na orelha para tratar dores de dente.
- Enquanto isso, na Índia, era recomendado estimular o crescimento do lóbulo da orelha para alcançar o estado de Nirvana.
Ou seja, diversas civilizações já estimulavam a orelha para tratar, prevenir e diagnosticar diversas doenças.
Agora vamos as diferenças:
O que difere a auriculoterapia chinesa da francesa é a criação dos mapas de identificação dos pontos.
Na escola chinesa, o mapa foi criado por meio de tentativas e erros. Ou seja, os pesquisadores utilizaram grupos de pessoas que possuíam dores na mesma região, a fim de estimular os pontos que apontavam um resultado em comum entre os pacientes.
Já na auriculoterapia francesa, o mapa foi construído a partir da criação da dor, por meio de estudos neurológicos baseados na teoria do reflexo. Estimulava-se a dor diretamente na região, a fim de procurar o ponto que correspondia ao alívio da dor.
Você pode ver a explicação detalhadas no vídeo abaixo:
Outra característica que difere as duas escolas é que a escola francesa usa agulhas convencionais, agulhas semipermanentes, infravermelho, laser e massagens auriculares no tratamento.
Já a chinesa utiliza mais sementes, cristais e as próprias agulhas de acupuntura.
Pra que é indicado a auriculoterapia?
Foi somente com a popularização da escola francesa que a auriculoterapia passou a ser amplamente reconhecida, alcançando dezenas de países em 1990, quando a Organização Mundial de Saúde passou a indicar o uso do tratamento para dores e problemas funcionais.
Foi também graças a publicação de estudos da Agência Nacional de Acreditação e Avaliação em Saúde, órgão francês que equivale ao Ministério da Saúde no Brasil, listando quadros cujo o tratamento é indicado como altamente eficaz que a auriculoterapia ganhou ainda mais popularidade.
Assim, o tratamento passou a ser indicado para:
- Dores agudas e crônicas visando analgesia
- Tratamento complementar para ansiedade e depressão
- Distúrbios funcionais digestivos (náuseas e vômitos, incluindo aqueles que ocorrem pós-quimioterapia ou no pós-operatório)
- Vícios diversos, principalmente o tabagismo
- Alergias, principalmente na rinite alérgica
- Auxílio na recuperação motora
- Patologia funcional urogenital
Qual a diferença entre acupuntura e auriculoterapia?
A confusão entre os dois tratamentos é bastante comum, principalmente porque a acupuntura quanto a auriculoterapia são marcadas pela Medicina Tradicional Chinesa.
No entanto, há diferenças relevantes entre elas:
- A acupuntura caracteriza-se pela inserção de agulhas de acupuntura para estimular terminações nervosas da pele e nos tecidos subjacentes, como os músculos.
A partir desses estímulos, o sistema nervoso libera neurotransmissores que desencadeiam efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e de relaxamento muscular.
Além disso, a acupuntura também é capaz de modular as emoções, o sistema imunológico, endócrino e outras funções orgânicas do organismo.
No Brasil, a prática de acupuntura é feita somente por médicos, cirurgiões-dentistas e os médicos veterinários, cada um em suas respectivas áreas, conforme o Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura.
- Por outro lado, a auriculoterapia, enquanto uma terapia complementar a acupuntura, utiliza apenas os pontos da orelha para tratar e diagnosticar dores nas demais partes do corpo.
A prática, por sua vez, é multiprofissional, é pode ser realizada por acupunturistas ou profissionais de saúde com nível médio ou superior capacitados em auriculoterapia.
A melhor parte é que não existem contraindicações para esses tratamentos, sendo que tanto a acupuntura quando a auriculoterapia estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde).
No entanto, pacientes com patologias como diabetes, imunodeprimidos, que fazem uso de anticoagulantes, que possuem infecção ativa ou diagnosticados com AIDS devem fazer o tratamento com cautela.